Reflexão sobre o futuro do jornalismo

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Li AQUI no blog do Pedro Dória uma excelente reflexão sobre o futuro do jornalismo em meio ao mundo virtual e às mudanças necessárias no veículo em função da internet e de toda sua violenta disposição de informações online e de graça, entre outras coisas. Separei trechos aqui neste post, mas recomendo a leitura na íntegra lá no blog dele, intercalados com comentários meus.

Aqui nos EUA, metade dos jornais vão morrer nos próximos dez anos. Os grandes, tipo New York Times, sobreviverão. Possivelmente sairão menores do que entraram. A curto e médio prazo, a situação no Brasil é diferente. Os governos FH e Lula trouxeram muita gente para a classe média e o número de alfabetizados aumenta. Há mais leitores de jornal. Mas, a longo prazo, isso só quer dizer uma coisa: os grandes grupos de mídia brasileiros têm mais tempo do que os norte-americanos para enfrentar as mudanças que já estão acontecendo.

Na quarta-feira, passei a tarde na IDEO, a principal empresa de design do Valley. A IDEO fez um estudo para o Detroit Free Press, o jornal em piores condições do grupo. Sua primeira conclusão explica tudo: aqui nos EUA, os leitores com menos de 40 anos não lêem jornais. Lêem os sites de jornais, é verdade.

E não só nos EUA, Caio Tulio Costa disse no Campus Party que a cada dia que passa morre um leitor de jornal e não nasce outro leitor de jornal, e eu concordo em gênero, número e grau. Cada vez mais as pessoas tem menos tempo e dinheiro e paciência de ler o jornal, tem que ser tudo online, rápido, conciso. Mesmo assim o jornal não morre. A mídia vai sempre deixar alguma coisa pra ele, mesmo um aprofundamento da notícia.

Vocês, leitores, não acreditam que sejamos objetivos. Vocês têm certeza de que os donos de jornais têm interesses e que usam seus veículos para encaminhá-los. Acham que nós, jornalistas, temos ideologia que refletimos nas reportagens que escrevemos. Em vários momentos da história, foi assim mesmo.

Não adianta mais, as pessoas não caem mais nessa de imparcilidade que não existe. Essa "falta" de imparcialidade é uma coisa nata do ser humano na hora de escrever um texto. Não há o que fazer.

Por mais imperfeita que seja, uma imprensa é fundamental para a democracia. É na imprensa, perante os olhos de todos, que os grandes debates nacionais acontecem. A imprensa surgiu para ser a voz do cidadão e o olho do cidadão nos afazeres públicos. É por causa da imprensa que eles, os eleitos, não podem fazer o que querem sem ser vistos.

Blogueiros que trabalham somente à noite poderão fazer o mesmo(que o caso Watergate)? Cheguei aos Estados Unidos convicto de que não. Hoje, tenho minhas dúvidas. Não porque o blogueiro solitário fará o que um repórter faz. Mas porque um grande grupo de blogueiros e seus leitores, dedicados a descobrir informação sobre algum assunto, podem ser capazes de mais do que repórteres.

A imprensa é fundamental e agora com ela os blogueiros são fundamentais, sendo eles parte da imprensa, sendo a imprensa também.

Os trechos em itálico são do Pedro Dória, que é jornalista e vive no Vale do Silício desde agosto de 2008 com jornalistas de outras partes do mundo falando o dia todo de jornalismo e tecnologia.

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